quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Ancoragens - Equalização e coisas que NÃO devem ser FEITAS

Texto retirado do site do Davi Augusto Marski Filho

Por Davi Marski, em agosto de 2007

Pois bem... Recentemente comecei a preocupar-me com a questão da segurança... dos outros ! Com a crescente popularização da escalada, mais e mais pessoas oriundas da escalada esportiva indoor (ou mesmo do rapel) praticam a escalada esportiva em rocha ou mesmo a escalada mais tradicional (paredes de mais de uma "enfiada").

Segundo o livro do Máximo Murcia, "Prevención, seguridad y autorrescate", e como prática consolidada em todo o mundo, só existe um único jeito "correto" de montar ou equalizar uma parada durante uma escalada. Pouco importa se essa parada será utilizada para dar segurança na próxima enfiada ou se ela será simplesmente utilizada como top-rope. Claro, existem alguma exceções, tais como uso de correntes, etc... mas nesse breve artigo, quero mostrar o que *NÃO* deve ser feito...

Claro que não pretendo esgotar o assunto nesse breve artigo, nem abordar a questão (bem mais complexa) sobre a montagem de paradas utilizando-se equipamentos móveis... , mas espero poder dar uma contribuição sobre a assunto !

Forma Correta de equalizar uma parada dupla em chapeletas:

a) mosquetões de trava em todos os pontos (sempre fechados)
b) a parte "estreita" do mosquetão (se for um mosquetão do tipo HMS ou Pêra) deve estar na "fita"
c) "voltinha" na fita que irá ficar no mosquetão "base" (o mosquetão na extremidade do "V")
d) ângulo estreito formado entre os vértice do "V" (esse ângulo obrigatoriamente tem de ser inferior a 60 graus)

Uma ancoragem equalizada da forma descrita acima distribui as forças de forma igualitária (50% - 50%) para cada uma das chapeletas (ou "P"s).

A Segurança para o escalador (se for o caso) deve ser dada a partir do freio utilizado (ATC, Grigri, etc..), ou seja, ela *NÃO* deve ser dada a partir de alguma "costura" colocada em uma das chapeletas (ou "P"s). Entretanto, isso é super comum, como na imagem a seguir, portanto, vamos as demais formas INCORRETAS de como fazer....


Forma correta de equalizar uma parada


Parada equalizada com "Costura Guia"

Essa forma *INCORRETA* de montar-se uma parada é muito comum e frequente, o escalador ao invés de utilizar um mosquetão de trava (no exemplo, ele estaria no lado direito), utiliza uma Costura, que ao mesmo tempo equaliza a parada na chapeleta, e também já serve de "guia" para a corda do escalador que irá guiar a escalada a seguir.

Isso é muito comum, e também perigoso... Em caso de queda do escalador, antes que ele clipe-se à primeira proteção após a parada, o fator de queda será muito elevado (muito próximo de um Fator 2), gerando um enorme força de impacto que será praticamente dissipada em sua totalidade na chapeleta (ou "P") no qual encontra-se a costura...

Na prática, uma parada montada dessa forma não está equalizada, pois em caso de uma queda (antes da primeira costura após a parada) "toda" a força do impacto não será distribuída no sistema, e sim recairá sobre apenas uma proteção fixa, podendo levar todo o sistema a falhar.

O correto é montar como na primeira imagem desse artigo, e dar-se a segurança a partir da cadeirinha do escalador.

Dica : Se o risco de queda for alto ou considerável para o guia, é vantajoso que o escalador, assim que chegar a parada, continue mais um pouco (se a corda "der" para tanto, obviamente) e costure a próxima proteção fixa, descendo então até a parada e já deixando a próxima "enfiada" previamente protegida com a corda e uma costura na primeira proteção após a parada.

Forma comum (e errada) de equalizar uma parada usando uma costura


Parada equalizada com nó "boca-de-lobo"

No caso em questão, estou ilustrando uma parada montada com um nó "boca-de-lobo" em uma chapeleta, mas poderia ser em um "P" que os motivos pelos quais isso está INCORRETO são os mesmos :
o nó "boca-de-lobo" diminui a resistência da fita em quase 45%. Ou seja, uma fita que foi projetada para suportar cerca de 2200N (Newtons) de força, em nó desse tipo, quase não suportaria a metade de sua especificação...

No exemplo, a coisa é crítica ainda pelas bordas afiladas de uma chapeleta... portanto, sem maiores comentários...

Forma extremamente perigosa de equalizar uma parada (usando um nó boca-de-lobo)
Jamais passe um n? boca-de-lobo dentro de uma chapeleta !

Parada pseudo-equalizada *sem* a volta na fita

Parece tudo em ordem, certo ? O que acontece se uma chapeleta ou um mosquetão clipada a chapeleta falha ?

Pois é... tudo errado... o escalador esqueceu-se de dar uma volta na fita... Se qualquer uma das chapeletas (ou ""P") apresentar alguma falha, toda parada desmonta-se e não oferece-se qualquer tipo de segurança.


Parada montada com o "Triângulo Americano" ou "Triângulo Americano da Morte"

Não, eu não sei a origem desse nome... mas esse tipo de equalização é mundialmente conhecido por esse nome.

Não irei entrar nos detalhes das forças envolvidas na fita e nas proteções, mas isso JAMAIS deve ser feito, essa parada *NÃO* está equalizada, as forças *NÃO* estão distribuidas 50% - 50% entre as proteções e na verdade, o escalador está em vias de em caso de queda, provocar um grave acidente.

Para maiores infos, consulte : http://en.wikipedia.org/wiki/American_death_triangle


Ângulo (graus)

0
60
90
120
140
150

Percentual (V)

50%
60%
70%
100%
150%
190%

Percentual (triângulo americano)

70%
100%
130%
190%
290%
380%


Parada montada com costuras

Esse é o tipo de parada costumeiramente montada para escalada em "top-Rope", nesses casos (e apenas nesses casos), se o ângulo for estreito, é algo "tolerável".

O ângulo no "V" deve ser o mais estreito possível.. confira a tabela anterior...

Entretanto, essa forma de equalização JAMAIS deve ser utilizada em escaladas com mais de uma "enfiada" ou "esticão", assim como não deve ser utilizada em outras situações.

No exemplo da imagem ao lado, o mosquetão "Pêra" foi montado no lugar onde estaria uma eventual corda...

Equalização com costuras (evite fazer isso !)


Parada "aberração da natureza"

Bom, vamos aos erros :

Utilização de costuras para montar uma parada (deveria ser apenas mosquetões com trava)
Uso de mosquetão com trava e costura em um mesmo olhal de chapeleta... fica tudo "apertado" e os mosquetões não se movimentam livremente.
Não já nada equalizado... na verdade, é quase um "triângulo americano"...

Nunca sobrecarregue a chapeleta com diversos mosquetões...


Com respeito a "P"s, nunca passe um nó "boca-de-lobo" por dentro de um olhal de um "P", pois além da perda de resistência da fita em 45%, pode haver alguma rebarba de solda ou mesmo algum ponto de ferrugem que literalmente pode vir a cortar a fita...

A forma correta de clipar-se (para fins de ancoragem ou parada) a um "P" é idêntica a de chapeletas : com o uso de mosquetões de trava (com a trava fechada, claro).

Evite utilizar o nó boca-de-lobo !

Como quase toda regra tem excesão... caso o grampo "P" esteja com o olhal afastado da rocha, você *não* deve clipar-se ao olhal (pois isso apenas iria aumentar a força de TORQUE no sistema), e sim tentar DIMINUIR esse torque, nesse caso, utilizando-se de um nó boca-de-lobo o mais próximo possível da rocha....

Jamais passe uma corda ou cordim ou cordelete diretamente por dentro de uma chapeleta. O ângulo é muito agudo (nas bordas da chapeleta) e facilmente pode cortar a corda durante um simples rapel.

DICA : existem chapeletas específicas para isso, com argolas, com bordas suavizadas (tipo as chapeletas desenvolvidas pela Bonier, ou até mesmo os grampos "P", nas quais as cordas podem ser passadas por dentro do olhal sem maiores danos


Rapel diretamente em uma chapeleta
Em caso de necessidade, essa é praticamente única forma correta de montar-se um cordelete para abandono em uma chapeleta.
Ele (o cordelete) deve ser unido utilizando-se um nó de oito ou preferencialmente um nó de pescador *duplo* , e passado por dentro da chapeleta, e a corda, por sua vez, é passada por dentro do cordelete.
O cordelete deve ter um diâmetro de no mínimo 7mm para oferecer um mínimo de segurança neste rapel.

Sem comentários... além da área em contato com as bordas afiladas da chapeleta ser muito pequena, o nó boca-de-lobo diminui em 45% a resistência do cordelete utilizado.


Cordelete em passagem simples e com nó de pescador simples

Novamente... uma aberração e *não* deve ser feito, pelos seguinte motivos :
área de contato muito pequena entre o cordelete e a chapeleta
uso de nó de pescador simples. O nó de pescado simples diminui a resistência da corda em (inacreditáveis) 51%, se fosse utilizado o nó de pescador duplo, a perda da resistência seria de apenas 26%.

É isso... boas escaladas, com segurança !

Fonte:http://www.marski.org/index.php?option=com_content&task=view&id=3&Itemid=22

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Pico do Itabira - Via Chaminé Cachoeiro

Maldita caneta...Uma montanha que eu nunca havia ouvido falar sobre... um convite... não uma, mas duas furadas. Será que não seria o suficiente para aprender?!

Há um ano e dois meses, fui convidado à guiar meus amigos Zozimar e Egito na via de conquista (conhecida como Sílvio Mendes) do Pico de Itabira, em Cachoeiro de Itapemirim. Sem muitos detalhes, topei na hora. Grande erro: dois dias de escalada entre artificiais, muito mato, paredes extremamente verticais, quando não sem grampos, com pés de galinha totalmente podres, sede, muita chuva, sangue e cansaço mental e corporal.Seis meses depois estava de volta, ao mesmo pico, com os mesmos companheiro e contando com a companhia do Antônio Dias. Mais uma furada. Bivaque forçado no meio da parede (sem grampos), sede, frio, fome e mais sangue. Após duas vezes no cume, juramos à nós mesmos nunca mais retornar aquela montanha maldita...Mais oito meses e lá estávamos eu, Menudo e Egito, de volta ao ‘inferno’. Desta vez para tentar a subida por uma via teoricamente menos complicada: a Chaminé Cachoeiro. 70% do trajeto é vencido em entalamento de mãos e pulsos. 20%, escalado em entalamento de peito. O resto, feito em chaminés extremamente sujas, cheia de mato, terra e pedras soltas. Com um pequeno detalhe: tudo em móvel, exceto as paradas dos 5 primeiros esticões, feitos em grampos de ½. Neste ponto preciso dar o braço a torcer. A via é inteiramente perfeita para proteções móveis e possui um lindo sistema de fendas para tal.As informações que tínhamos sobre a via eram um relatório da mesma escalada, realizada pelo Groba, Mário e Mauro Maciel em 1989 e um croqui gentilmente cedido pelo Luciano Bender, quando da sua escalada em 1996. Desta forma, batemos em alguns entraves, tais como a parte inicial da via, na qual apresentava-se um frágil cabo ligando as 3 chaminés iniciais. Há algum tempo, uma turma do CEC (Centro Excursionista Carioca) esteve por lá e retirou tal artefato, abrigando-nos a escalar cerca de 20 metros acima do ponto em que se faz a horizontal, para alcançar os grampos originais da conquista e realizar dois pêndulos, da primeira para a segunda chaminé e desta para a terceira (que vai até o cume).Em nosso primeiro dia de escalada, iniciamos os trabalhos de preparação da via, 3:00h da tarde, fixando 50 metros de corda, chagando ao meio da segunda chaminé, após muito entalamento de mãos, oposições, chaminés e o primeiro pêndulo. Neste ponto, o Egito começou a se sentir indisposto e precisou descer. Eu e o Menudo acabamos achando melhor encerrar nosso trabalho por enquanto e descer em segurança com nosso amigo.No dia seguinte, ainda não recuperado, Egito resolveu nos desfalcar, temendo pelo sucesso da equipe e ficou na base, carregando grande parte de nosso material e dando todo o apoio logístico necessário. 7:00h iniciamos nosso segundo dia de escalada. 50 metros de jummar e estávamos eu e o Menudo no ponto em que paráramos no dia anterior. Novamente, fendas com entalamentos negativos, chaminé em tesoura e alguns friends. 20 metros acima, grampo para efetuar o 2º pêndulo.Alcançada a terceira chaminé, lances de oposição, entalamento e chaminés extremamente claustrofóbicas em lances bastante expostos. Dois esticões para cima e já não tínhamos o mesmo ânimo que no início. Já estávamos exaustos e doloridos da ponta dos pés ao último fio de cabelo. Não podíamos desistir. Reunimos todas as nossas forças e progredimos desta vez em chaminés muito sujas, com galhos entrelaçados que dificultavam nosso progresso. Em minha opinião, os lances mais difíceis da via inteira. Além da preocupação em fazer a chaminé, existia a luta com os galhos que enroscavam em nossos materiais, a necessidade de colocar peças móveis para a proteção e o grande empecilho de rebocar mochilas neste caminho precário.Após muito esforço, deparamo-nos com o crux da via. 25 metros em 6ºsup, vencidos em entalamento precário de mãos e oposição, feitos em móvel... isso, após 4 horas de escalada em lances bem atléticos. Finalmente, depois deste lance, encontra-se uma interminável chaminé com muitas pedras entaladas e soltas. Mais dois esticões e chega-se ao artificial em um grampo vermelho que anuncia a proximidade do cume e o final da ralação. Após 5 horas e meia de muita adrenalina, 12:30h piso no cume, para marcar mais uma vitória. Um último susto: já no cume, eu recolhia a corda do Menudo que vinha vencendo os 20 últimos metros de escalaminhada quando um galho aonde ele se apoiava cedeu. Foi o tempo de me jogar no chão e travar na marra a inevitável queda de 400 metros verticais de meu amigo... Ufa! O pior de tudo?! Abrimos o livro de cume e constatamos que havíamos sido os últimos a pisar no cume, oito meses atrás... Bem, o pior, posso assegurar, foi o fato de termos esquecido a caneta no carro... Isso mesmo: Aquela maldita caneta do início do texto. Tentamos desesperadamente rabiscar algo com a caneta falha existente na urna, mas de nada adiantou. Conformados, batemos algumas fotos (que publicaremos em breve), colocamos uma bandana do Egito no ainda inerte e intocado ‘Pau do Antônio’ (haste de alumínio utilizado na escalada da Via de Conquista, oito meses atrás, deixa por nós no cume) e iniciamos o trabalho de rapel.Vazio. Foi o que senti ao retornar àquele local. Não sei explicar ao certo o que se passou pela minha cabeça. Estava exausto, cheio de terra, suor e sangue pelo corpo. Roupas rasgadas. Sem água na mochila. Câimbra insuportável nos braços. Não me sentia feliz, mas sim, orgulhoso por vencer mais um desafio. A felicidade pelo sucesso na verdade, veio apenas horas depois, quando comecei a realizar o meu feito e quando os cortes e hematomas começaram a me incomodar menos. Voltando à realidade, de poder do croqui e com informações precisas e indispensáveis da via do Luciano Bender, resolvemos fazer o rapel pela mesma.Sofremos um pouco para encontrar o primeiro grampo, mas felizmente valeu a pena. Apenas 1 hora depois estávamos na base da montanha após uma descida fenomenal de 6 esticões, em lances negativos alucinantes! Rapidamente, arrumamos nossos quilos de materiais móveis e pegamos a trilha de volta para o carro. Cambaleando, entramos no carro do Egito e em poucos minutos estávamos em um restaurante nos arredores da montanha, para tomar um merecido banho, cuidar dos ferimentos e comer um delicioso almoço, acompanhado daquela cervejinha geladíssima! Neste momento sim comecei a sentir felicidade!À noite, ainda juntaram-se à nós três, o Rodrigo Taveira, Rodrigo Cayubi, Aline e Sandrinha. No dia seguinte ainda reunimos forças para subir o Frade de Espírito Santo. Apesar de se tratar de uma caminhada leve, uma pequena escalaminhada e um lance de artificial em grampos, parecia mais um big-wall !!! São e salvos chegamos à base e voltamos para o Rio de Janeiro com sensação de missão cumprida.Agradecimentos ao Mauro Maciel e ao Luciano Bender pelas informações e atenção cedidos. Agradecimentos especiais aos meus amigos Menudo e Egito (Trio Furada) por mais esta aventura inesquecível! Aliás, a cada vez que escalamos o Pico do Itabira, ouve-se o famoso ‘NUNCA MAIS!!!’... mesmo assim, cometemos a burrice de retornar. Por isso não mais o citarei. Quem sabe assim a gente aprende a lição....
Texto retirado na íntegra do site Montanhas do Rio

Planeta faminto

Post interessante que retirei do site do Maurício "ToNTo" Clauzet

É um trabalho legal, bem ilustrado mostrando as diferenças de consumo entre países ricos e pobres.Eles pegaram algumas famílias de diversos países, e montaram uma foto com toda a comida que a família consome em uma semana. Dá para observar várias coisas, desde a qualidade da dieta alimentar, até a quantidade de lixo produzido/resultante desse consumo básico, de subsistência, que é comer.

Este trabalho foi publicado na WEB pela Time e CNN e está aqui.

E é parte de um livro chamado "Hungry Planet"

United States: The Revis family of North CarolinaFood expenditure for one week: $341.98
Mexico: The Casales family of CuernavacaFood expenditure for one week: 1,862.78 Mexican Pesos or $189.09
Germany: The Melander family of BargteheideFood expenditure for one week: 375.39 Euros or $500.07
Italy: The Manzo family of SicilyFood expenditure for one week: 214.36 Euros or $260.11
Japan: The Ukita family of Kodaira CityFood expenditure for one week: 37,699 Yen or $317.25

Chad: The Aboubakar family of Breidjing CampFood expenditure for one week: 685 CFA Francs or $1.23 Bhutan: The Namgay family of Shingkhey VillageFood expenditure for one week: 224.93 ngultrum or $5.03
Ecuador: The Ayme family of TingoFood expenditure for one week: $31.55

Egypt: The Ahmed family of CairoFood expenditure for one week: 387.85 Egyptian Pounds or $68.53
Poland: The Sobczynscy family of Konstancin-JeziornaFood expenditure for one week: 582.48 Zlotys or $151.27

"Karma" filme Brazuca na área

A venda nas lojas de montanha ou pelo site:
http://www.mountainvoices.com.br

Excursionismo e responsabilidade sócio-ambiental


Artigo muito interessante sobre responsabilidade sócio–ambiental escrito pelo Fabio Raimo, experiente instrutor de expedições na natureza da NOLS e OBB.

Há cada vez mais de nós saindo por ai, à busca de lazer e recreação ao ar livre. Os lugares estão cada vez mais ‘ocupados’ por outros baladeiros de plantão, às vezes turistas e outros usuários. É inegável que hoje em dia a ‘natureza intocada’ é praticamente um mito... Então como é que nós, que saímos por aí a explorar podemos fazer diferença?

Em cada lugar que vamos, podemos ajudar na forma como as comunidades do entorno e até prestadores de serviços de atividades na natureza nesses lugares vêem sua cultura, suas atividades e seu papel. Como diria o Gandhi, ‘devemos ser a mudança que queremos ver no mundo’. Sempre devemos nos perguntar: de que forma o que eu faço e como eu me comporto ajuda (ou atrapalha) influencia aonde eu vou?

Primeiro, é importante que compreendamos que a visitação a locais naturais pode, ou não, ser uma alternativa para ajudar no desenvolvimento sustentável para as regiões visitadas, dependendo de como é feito. Podemos aportar recursos financeiros para a economia local, gerar demanda e oportunidades de formação profissional, fomentar melhoria na infra-estrutura regional, despertar interesse do poder público para questões ambientais, entre outros. Por outro lado, podemos fomentar desenvolvimento desordenado e sem infra-estrutura básica de suporte, subemprego e exploração de mão de obra, geração excessiva de lixo, poluição de mananciais de água, entre outros. Depende de como abordamos nossa interação com esses locais.

Teoricamente, seria ótimo se tivéssemos um poder público capaz e ético que cumprisse o código florestal, fiscalizasse e coibisse irregularidades, proibisse ocupações e construções irregulares, além de fomentar planos de desenvolvimento ordenado e ambientalmente correto. O fato é que essa não é nossa realidade, e no final da estória, muito do que se passa em locais que hoje são nossos ‘recantos/buracos no mato favoritos’ tem a ver em como os visitantes agem nesses lugares.

Você esta no meio de uma caminhada e passa por sítios onde tem um cara cuidando de umas vacas... quer acampar ali. Você vai pra trás de uma crista para que nenhum proprietário te veja? Ou você vai lá, se apresenta, compra um queijinho, troca uma prosa? Muitos dos momentos mais marcantes que eu já tive na minha vida de baladeiro outdoor foram com pessoas que vivem onde para nós é uma área remota – seja sendo ‘conselheiro legal’ de uma comunidade ribeirinha num rio remoto da Amazônia onde o MST aliada aos políticos locais subornados estavam invadindo uma área que era da comunidade há mais de um século; ou medicando uma senhora com muita dor que não podia se mover para ir ao cavalo para ir a clínica; ou uma visita breve que se torna ficar trabalhando junto com um pescador durante dias. Todos nós temos nossas estórias, certamente.

Continuando em nossa jornada como ‘excursionistas’ responsáveis, de que maneira podemos minimizar o impacto social e ambiental de nossas atividades na natureza? Boas dicas são encontradas no artigo do Fuchs neste blog, que é bem parecido com os Princípios de Conduta Consciente em Ambientes Naturais do Programa Nacional de Áreas Protegidas - Ministério do Meio Ambiente.

Independente do tipo de informação e experiência que você quer obter na sua viagem, um requisito que não muda é que os responsáveis pelo grupo devem ter conhecimento, experiência e responsabilidade suficientes para lidarem com os riscos das atividades na natureza. Risco sempre há. O que é necessário é que eles sejam conhecidos e administrados. No Brasil não há padrões de treinamento ou experiência reconhecidos, como por exemplo nos EUA, onde o treinamento amplamente aceito em primeiros socorros é o Wilderness First Responder, um curso teórico-prático de 9 dias ministrado em áreas naturais, e todas as organizações que trabalham com atividades na natureza têm um programa de monitoramento, manejo e resposta a riscos e acidentes.

De novo, cabe aos ‘usuários finais’ a escolha de uma atividade segura ou não. Lembre-se que respostas como “o Zeca é treinado em primeiros socorros e esportes radicais” na verdade não quer dizer nada! Que curso de primeiros socorros? Ministrado por quem? Quem o “declarou” guia competente? Há quanto tempo faz esse tipo de viagens? Etc. Exija as informações que acha necessárias para que fique tranquilo colocando sua vida, de amigos ou familiares nas mãos de terceiros.

Talvez tanta informação e detalhe possa parecer exagero, mas não é, se pensarmos nas possíveis consequencias de seguirmos fazendo o que queremos sem nos preocuparmos com o ‘efeito cascata’ de nossas ações nos locais visitados – cultural, social e ambientalmente falando. Especialmente porque há muitas pessoas, fazendo atividades e oferecendo programas fantásticos, de forma responsável, segura, e ambiental e socialmente correta. Basta encontrá-los. Ou ser um deles.

Fonte:http://www.kampa.com.br/blog

OBB/Outward Bound Brasil:
http://www.obb.org.br/OBB/default.asp

NOLS/ National Outdoor Leadership School:
http://www.nols.edu

Vale do Frey 2007

Lindas imagens e trilha sonora magnífica, se alguém souber de quem é esta trilha sonora deixe um comentário.

Olha eu de volta, superando minhas próprias expectativas de só postar depois do carnaval, vou aproveitar este momento de paz aqui na empresa e postar algumas notícias novas e outras nem tão novas assim, bom feriado a todos e cuidado nas estradas. Este video não precisa de palavras para ser compreendido.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Morre Sir Edmund Hillary o primeiro homem a escalar o Everest


Morre o primeiro homem a escalar o monte Everest ,Sir Edmund Percival Hillary falece aos 88 anos, na cidade de Auckland, na Nova Zelândia, Hillary foi um ícone em sua época pelo feito histórico de escalar o monte mais alto do mundo . O feito de Hillary foi realizado no dia 29 de maio de 1953, quando conseguiu chegar ao cume do monte, a 8.850 metros de altitude. Ele foi acompanhado em sua excursão pelo sherpa Tenzing Norgay, outra lenda do alpinismo. A saúde de Sir Edmund havia piorado consideravelmente desde abril do ano passado, quando ele sofreu uma queda durante uma visita ao Nepal. A causa de sua morte não foi anunciada, mas ele estava doente há algum tempo e a imprensa local disse que ele estava com pneumonia.
O alpinista, recebeu o título de cidadão nepalês em 2003 pelo seu feito histórico. Desde que conseguiu escalar o Everest, Sir Edmund dedicou sua vida para ajudar os sherpas (guias) da região Kumbu do Nepal, mas sem muito sucesso pela inconsistência política do local. Mesmo assim, o pioneiro conseguiu arrecadar fundos para construção de escolas e melhoramento da infra-estrutura da região através da sua fundação, que leva seu nome. Sir Edmund Percival Hillary foi nomeado cavaleiro da Ordem do Império Britânico em 16 de julho de 1953; membro da Ordem da Nova Zelândia em 1987 e, finalmente, membro da Ordem da Jarreteira em 23 de abril de 1995.

"O lendário alpinista, aventureiro e filantropo é o neo-zelandês melhor conhecido a já ter vivido", disse a primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, ao anunciar a morte de Hillary. Hillary era o neo-zelandês mais conhecido no mundo e sua foto está na nota de cinco dólares do país. "Ele era uma figura heróica que, não só escalou o Everest, mas viveu uma vida de determinação, humildade e generosidade", disse a premiê. Após o Everest, Hillary realizou uma série de expedições ao Pólo Sul e ao Himalaia.

Sir Edmundo Hillary, além de ser talvez um dos mais famosos alpinistas e ícone frente à mídia mundial (ao lado do Messner) por incrível que pareça,não era um alpinista no sentido pleno : ele mesmo se intitulava “apenas” um fazendeiro da nova Zelândia... (até parece)... Mas o mais importante é que este homem simples, de caráter sincero e honesto (e as suas açoes falaram por si mesmo durante toda a sua vida), durante toda a sua vida criticou aexploração comercial das montanhas (e o conseqüente circo montado em torno disso) e lutou por trazer melhores condições de vida para o povo indiano e em todo o altiplano no Himalaia (hospitais, escolas, pontes....).Morre um grande homem.

Abs e boas escaladas neste fim de semana,Davi Marski

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O homem sem "sapatos"

Este Post é sobre um email que veio pela lista da FEMERJ, e que achei muito interessante, é sobre um escalador que escala sem sapatilhas, isso mesmo, o cara escala descalço.
O Bruce escala a 36 anos (ele tem 53 anos !) e tem o Yosemite como “quintal”
de casa (Learning Tower, El Capitan, Half Dome...), já escalou no Alaska,
Peru e no Himalaia, além de rocha pela Tailandia, China, França, etc... A
mais ou menos 20 anos atrás ele perdeu as sapatilhas durante uma escalada, e
quando foi comprar uma nova, ficou pensando na ética da escalada *com* as
sapatilhas, afinal de contas, ela minimiza a dor nos pés e “facilita” a
escalada com a aderência da borracha, a colocação dos pés nos regletinhos,
etc... após algumas reflexões, ele começou a escalar descalço ! Segundo
ele, essa seria a verdadeira escalada em livre, sem nenhum tipo de “ajuda”.
(até tem bastante lógica !).
O resultado é que ele já mandou um 9a na Tailandia, em uma via curta a
cerca de 5 anos atrás, e manda corriqueiramente vias de 8a e 8b
(trabalhadas) e vias de 7b e 7c “a vista” (red point). Segundo ele, às
vezes sai uma via de 8a em red point também....
Enfim... eu, como todo mundo, fico pensando o que esse cara seria capaz de
fazer se voltasse a usar sapatilhas... ;-) O pior é que eu, com os meus 35
anos, me estropio todo para fazer um 7a, e fico imaginando como vou estar
com os meus 53 anos ! Eh.... idade com certeza *não* é documento.... (vide o
Tartari, o Bito Méyer e outros que passaram dos 40 e dos 50 anos e estão
mandando muito bem por ai...)
Como não adianta só falar e não mostrar, gravei ontem o Bruce escalando aqui
na Pedreira do Jardim Garcia (Campinas – SP), fiz dois videozinhos, um com
ele mandando um 7b (guiando) e outro com ele fazendo um 7c de top-rope (ele
estava cansado pois não havia almoçado... !!!) :

Bruce Bundy escalando a “Disturbios Sensoriais – 7b”

http://www.youtube.com/watch?v=7xNJTie88zo

E escalando a “Cacaio - 7c”

http://www.youtube.com/watch?v=8hWWQaS8YHc

Abs e boas escaladas para todos !

Davi Augusto Marski Filho

http://www.marski.org

Amigos uma lição de vida

No Domingo dia 06/01/08 passou no canal Wohoo , uma escalada que o Paulo Macaco fez no Corcovado ,na via Atalho do Diabo, Paulo que esta cego devido a Aids, teve a colaboração de varios amigos de verdade nesta empreitada , pra quem não sabe o Paulo foi um dos escaladores que muito contribuiu para aumento do nivel técnico da escalada no Brasil , muito legal os amigos que deram esta força, a matéria é de 2006, passou até no Fantástico, mas o que me levou a fazer um post sobre esta matéria foi que na época não passou tudo , tem um depoimento do Paulo e da galera que me deixou muto emocionado, na época que o pessoal saia pra escalar , sempre encontrava pelas trilhas umas "jaquinhas" , e isso era uma refeição quase que diária, anos depois quando o Paulo já estava internado em um hospital devido a alguns problemas causados pela Aids, o Hillo Santana, colheu uma jaca e levou para o amigo, lá chegando não podia mais entrar devido ao termino das visitas, não satisfeito, ele se despediu e escalou os sete andares do hospital com meia jaca na mochila, só para entregar ao amigo infermo,teve um outro depoimento do Paulo que não vi no vídeo, mas tem na matéria do site Montanhas do Rio que esta no link no fim do post, em que ele cita algumas pessoas que o apoiaram neste momento tão difícil.
Quando perguntado pelo André Ilha, sobre as pessoas que o apoiaram, Paulo responde o seguinte:O Chiarelli, a Rosângela... O Caliano também me deu muito apoio: ele chegou uma vez num momento em que eu estava na cama todo sujo de fezes, sangue, cateter, tubulação e eu então falei: “Pôxa, Caliano, eu estou todo imundo aqui, tira a mão de mim”, e ele disse: “Meu irmão, tu não vai ficar assim não”, e me levantou e me limpou. Foi uma coisa que marcou a minha vida.
Estes exemplos foram pra mim uma das maiores demonstrações de amizade que eu tenho notícia, fica ai um exemplo de coragem e amizade, pois na época quase não se sabia sobre a Aids, o que era, e como se dava sua forma de contagio, e muitas pessoas viviam isoladas pelo medo, que sirva de lição para nós ,neste novo ano que se inicia.

"O Hillo foi um amigo que me visitou quase todos os dias. Nos momentos mais difíceis, em que eu mais precisava, ele estava do meu lado, ali. Uma vez eu perguntei: “Hillo, como é que você entrou no hospital se a visita acaba às 5 horas e é uma da manhã?” Aí eu descobri que ele havia solado uma parede de tijolos na lateral do Hospital da Lagoa até o sétimo andar, com meia jaca na mochila!
"Paulo Macaco"

Para ver o video sobre a escalada:

Conheça um pouco mais sobre o Paulo:

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

PRIMEIRO 11B À VISTA !!!

O escalador basco Patxi Usobiaga se tornou o primeiro escalador do mundo a encadenar um 8c+ (XIb Brasil, 5.14c EUA) a vista, com a primeira ascensão da via Bizi Euskaraz, localizada em Etxauri, Espanha, e equipada por Ekaitz Maiz, que concorda com o grau sugerido por Usobiaga, assim como Gorka Karapeto, também presente no momento da cadena."Esperei três dias. Finalmente consegui o meu maior objetivo do ano e estou feliz de ter estabelecido um novo recorde na escalada a vista." Estas foram as palavras de Yuji Hirayama, após encadenar o primeiro 8c a vista do mundo (XIa Brasil), com 35 anos de idade, na via White Zombie, uma linha de continuidade extremamente negativa situada nas paredes de Baltzola, País Basco, Espanha.Com Bizi Euskaraz, uma linha de regletes que vai ficando mais difícil indo para o final, de resistência e com alguns dinâmicos arriscados, o recorde passa a ser de Patxi Usobiaga, 27 anos, com o suposto primeiro 8c+ a vista mundial: "Estou muito contente, as coisas estão indo muito bem desde que ganhei a Copa do Mundo e agora o que quero é seguir por este caminho", comentou o basco, que desponta como o melhor escalador esportivo do planeta atualmente.Este último mês tem sido histórico para Usobiaga. Encadenou La Rambla (9a+ FR / 5.15a EUA / XIIa Brasil) e no mesmo dia Estado Crítico (9a FR / 5.14d EUA / XIc Brasil) na segunda tentativa. Fez uma ascensão "ultra rápida" da via La Novena Enmienda (9a+), Esclatamasters (9a) em três tentativas, Fuck The System, também 9a, três linhas de 8b (Xb Brasil) ou superior a vista e Mercenaris del Passat (8c+ / XIb Brasil) na segunda tentativa, terminando com o primeiro 8c+ a vista mundial. "Está fazendo história", dizem as mensagens deixadas no site do escalador.
Fontes:www.desnivel.com
www.mundovertical.com
www.patxiusobiaga.net

Um novo BLOG na área


Um cara que acompanho sempre suas andanças é o Orlei JR, leia http://www.mundovertical.com , temos que dar crédito sempre a quem se mantem ativo por tanto tempo, seja escaladando ou caminhando, ajudando,pedalando ou fazendo o bem, e este cara se mantém sempre em movimento, não o conheço pessoalmente, mas através de seu Blog e sua página, dá pra ver o quanto este cara se empenha em prol do esporte e da natureza, valeu cara pelas conquistas de 2007 e que venham muito mais em 2008...2009...2010..............................