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6:30h da manhã meu despertador insistia em me tirar da cama e finalmente, às 6:45h ele conseguiu (confesso que quase desisti da empreitada que me esperava). Apesar de ter dormido às 3:30h da manhã, o pouco de sono que desfrutei, finalmente pareciam suficientes, depois de um banho frio.
7:30h encontrei-me com o Flavio de Lima no Largo do Machado e de táxi, rumamos para as Paineiras. Rapidamente vencemos a trilha, eu com meus 25 quilos de mochila nas costas e meu parceiro com seu material e uma corda de 70 metros.
Arrumamos nosso material na base do K2 e preparamos o rapel.... isso mesmo! Da base do K2 fizemos um rapel bem esquisito, que chega à base do Diedro Saint Exupèry, via situada na temerosa face Sul do Corcovado, graduada em "6º VIsup A2 E2 D3". Muita coisa?! Vai lá então, que você vai reparar que esses números poderíam facilmente subir.....
Primeiro esticão: Logo de início, uma horizontal de 30 metros, com apenas um grampo... podre. Consegui a proeza inclusive de enfiar o joelho em um cactus, o que nos rendeu quase 20 minutos, para tirar aquelas "facas" cravadas, impossibilitando qualquer movimento com a perna.
Segundo esticão: início do diedro propriamente dito, negativo, sem grampos, 6ºsup, com pouquíssima opção de proteção móvel... isso a 400 metros do chão! Uma delícia!
Terceiro esticão: Mais negativo, desta vez em artificial móvel, com colocações de "knife blades", "rurps" e milagrosamente, um "ball nut".
Deste ponto em diante, começamos a sentir, e muito, o peso em nossas costas e cintura. Cada passada era extremamente delicada, trabalhada. Por isso, cada miligrama a mais no seu rack pode lhe custar uma energia preciosa...
Quarto esticão: Mais artificial, desta vez em parafusos, podres. Após o artificial, a parte "fácil" da via... 30 metros de aderência suja, com dois grampos.... podres! Ah! Esqueci de mencionar que a mesma é graduada apenas em 5º grau. Digo apenas, pois por incrível que pareça, é o lance mais simples da via inteira. Neste ponto, o Flavio começou a ter caimbras e fiquei um pouco preocupado, pois estávamos em uma via de comprometimento. Para descer, precisaríamos obrigatoriamente de duas cordas e na certeza de que faríamos cume, levei apenas uma.
Quinto esticão: Parede vertical, levemente negativa, com agarras quebrando e grampos podres.... mais quinto grau e um belíssimo e dificílimo lance de 7ºa (no meio dos grampos podres!). Muitos metros acima, FIM! Chegamos ao último grampo do Diedro Saint Exupèry, após 5 esticões. Parece pouco?!
Diga-se de passagem que levamos nada mais nada menos do que 7 horas para tal.
Oooops.... eu disse fim?! Ih... não era o fim ainda não! Tínhamos que vencer um trepa-mato infernal, pois a trilha até o final do "K2" não mais existia. Vencida a "selva", andamos um bom pedaço para a direita e chegamos finalmente nos últimos 20 metros da via "K2". Mais parede.... mas dessa vez, em lances bem simples, de 4º grau.
Cinco minutos depois, após breve trilha, CUME!
E quem disse que nossa empreitada acaba por aqui?!
Ao descermos até as Paineiras, descobrimos que não havia um único táxi livre, o que nos obrigou a descer à pé até o Silvestre (mais uma hora de caminhada) e pegar um ônibus até a Lapa. da Lapa, mais 30 minutos de caminhada até minha casa.... Cheguei exatamente às 18:45h, completando assim, 12 horas de aventura!
Gostaria muito de agradecer o Flavio de Lima, que apesar de toda a ralação, me acompanhou firme e forte!
Pedro Bugim
Fonte:Centro Excursionista Brasileiro
2 comentários:
Muito bom o relato, porém você lembra qual material foi utilizado? quantos de 'que' precisou no artificial? será que os camalots C3 ajudam?
Abraços
Jorge, eu somente publiquei um relato do Pedro Bugim, do centro excursionista brasileiro, não repedi a via, posso tentar entrar em contato com ele, obrigado
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